Depois de ter vocês

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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Diretrizes para o BLW: A Introdução Alimentar Conduzida Pelo Próprio Bebê


O bebê fez 6 meses e agora iniciamos uma nova fase, a fase de introduzir os alimentos sólidos, já que, até agora, o alimento do bebê era leite materno ou fórmula. Essa é uma fase bastante esperada por algumas mães que, ansiosas, já haviam comprado, há meses, cadeirão, pratinho, talheres, babador... Para outras, como eu, é uma fase que poderia ser adiada por mais alguns meses, pelo simples fato da própria mãe não se sentir preparada ou pelo sentimento de impotência, visto que seu filh@, agora, não depende apenas do seu leite, ou até mesmo pela praticidade que o peito dava no dia a dia, e agora ela terá que ir para a cozinha fazer comidinhas para seu bebê. Acho que eu era um misto de todos esses sentimentos, como muitas mães que conheço e tive a oportunidade de conversar.
A partir daí surgem inúmeras dúvidas porque você gostaria de fazer a IA do seu filh@ de uma forma mais participativa, e você se depara com o termo BLW.

Mas o que essas letras querem nos dizer? 

A sigla BLW significa “Baby-led Weaning”, termo proposto por Gill Rapley em 2008, na Inglaterra, com a publicação de seu primeiro livro “Baby Led Weaning: helping your baby to love good food”. O termo é traduzido como Desmame Conduzido pelo Bebê, o que não quer dizer que ela proponha o desmame, muito pelo contrário, na verdade é uma introdução natural dos alimentos sólidos feita gradualmente, nesse caso o desmame deverá ocorrer naturalmente de acordo com o tempo de cada bebê, já que a escolha de passar a comer mais e mamar menos é feita exclusivamente por ele.
O método propõe que os bebês se alimentem SOZINHOS – os pais, ou cuidadores, não alimentam os bebês com colher e nem oferecem papinhas. O bebê participa da alimentação junto com a família, sentado à mesa com todos e alimentando-se independentemente, com as próprias mãos, até adquirir habilidades com os talheres.

Existe um pdf AQUI escrito pela Gill Rapley que resume muito bem este método e a tradução desse documento eu peguei no Blog da Jana Bevilacqua.

"Diretrizes para o BLW: introdução de sólidos guiada pelo bebê

Introdução
Aderir ao método BLW de introdução de sólidos, requer um entendimento do porque este método pode ser considerado lógico e seguro. A primeira seção abaixo explica os fundamentos e princípios que servem de base para este método e a última seção, “Certo e Errado”, provê uma lista de pontos-chave, que devem ser usados como referência. Seguir estas diretrizes melhorará as chances de, tanto o bebê como seus pais, aproveitarem a transição para alimentos sólidos, além de ajudar a garantir o bem-estar do bebê.
A maioria dos bebês estão prontos para começar a experimentação de alimentos sólidos por volta dos seis meses de idade. Pais de bebês prematuros (que nasceram antes de 37 semanas de gravidez), ou que possuam condições especiais de saúde que possam afetar suas habilidades de lidar ou digerir alimentos com segurança, são aconselhados a discutir com seus pediatras no momento de iniciar a introdução de alimentos sólidos, antes de decidir usar o BLW como método.
Fundamentos do método BLW de introdução alimentar guiada pelo bebê
1. Amamentação como base para a auto-alimentação
A amamentação exclusiva é recomendada durante os primeiros seis meses do bebê. O aleitamento materno em livre demanda é a preparação ideal para a auto-alimentação com alimentos sólidos. Bebê amamentados possuem seu próprio ritmo de alimentação e, na verdade, é impossível forçá-los a fazer diferente! Eles também controlam sua própria alimentação e ingestão de líquidos, uma vez que decidem sozinhos quanto tempo deve durar cada mamada. E como o leite materno muda de sabor de acordo com a alimentação da mãe, o aleitamento prepara o bebê para diferentes gostos.
Bebês normais, saudáveis e amamentados parecem ser capazes, desde que apoiados pelos pais, de gerir sua própria introdução aos alimentos sólidos. No entanto, embora o aleitamento materno tenha as características de auto-alimentação que alicerçam a teoria do desmame guiado pelo bebê (baby-led weaning = BLW), muitos pais de bebês alimentados com mamadeira também conseguiram aplicar este método com sucesso. A única mudança significativa é que nestes casos é importante oferecer outras bebidas além do leite.
2. Entender as motivações do bebê
Esta abordagem de introdução aos sólidos oferece ao bebê a oportunidade de descobrir o que as outras comidas têm a oferecer, como parte do mundo que o cerca. Ela se utiliza do desejo que o bebê tem de experimentar, explorar e imitar. Permitir ao bebê que ele defina o tempo de cada refeição e manter a ênfase na forma lúdica de explorar ao invés da alimentação em si, permite que a transição para os alimentos sólidos siga da forma mais natural possível. Isso porque parece que o que motiva os bebês a fazerem essa transição é a curiosidade e não a fome.
Não há razões para que a hora da refeição coincida com a hora das mamadas. Na verdade, pensar no aleitamento e na introdução de sólidos como duas atividades completamente separadas perimitirá que a abordagem seja mais descontraída e agradável para pais e filhos.

3. Ele não engasga?
Muitos pais ficam preocupados com o engasgamento. No entanto, há muitas razões para acreditar que os bebês têm menos risco de engasgar quando eles estão no controle do que quando são alimentados por colher. Isso porque os bebês não são capazes de intencionalmente empurrar a comida diretamente até suas gargantas enquanto eles não desenvolvem a habilidade de mastigar. E eles não desenvolvem a habilidade de mastigar antes de aprender a alcançar e agarrar coisas. A habilidade de pegar coisas muito pequenas se desenvolve mais tarde ainda. Ou seja, bebês pequenos não podem se colocar em risco facilmente, já que eles ainda não conseguem pegar pedaços pequenos de comida. A alimentação com colher, ao contrário, encoraja que o bebê sugue o alimento diretamente para o fundo da boca, aumentando potencialmente o risco de engasgar.

O desenvolvimento geral de um bebê parece estar ligado com sua habilidade de gerenciar a comida em sua boca e de digerí-la. Um bebê que resiste muito a colocar comida em sua boca, provavelmente ainda não está completamente pronto para consumí-la. Por isso é importante resistir à tentação de “ajudar” o bebê nessas circunstãncias, já que seu próprio desenvolvimento e habilidades assegurarão que a transição aos sólidos seja feita no momento certo para ele, diminuindo muito, inclusive, o risco de engasgamento.
Inclinar ou deitar um bebê para alimentá-lo com sólidos é muito perigoso. Um bebê que está lidando com comida deve estar sempre sentado ou apoiado em uma posição vertical. Isso garante que algum alimento que ele não seja capaz ou não queira engolir seja expelido pra fora.
Adotar a abordagem guiada pelo bebê não significa abandonar o senso comum de segurança na hora da alimentação. Embora seja muito improvável que um bebê consiga pegar um amendoim, por exemplo, situações e acidentes podem acontecer em raras ocasiões, independente da forma como seja alimentado. As regras normais de segurança na hora de comer e brincar devem ser seguidas quando a introdução aos sólidos é guiada pelo bebê.
4. Garantindo boa nutrição
Bebês que se alimentam sozinhos parecem aceitar uma grande variedade de alimentos. Isso acontece, provavelmente, porque eles podem aproveitar muito mais do que apenas o sabor dos alimentos – eles experimentam as texturas, cores, tamanhos e formatos. Para completar, oferecer alimentos separadamente ou de um jeito que eles possam separá-los, permite que eles aprendam sobre os diferentes sabores e texturas. E permitir que eles deixem de comer qualquer coisa que eles pareçam não gostar irá prepará-los e encorajá-los a experimentar coisas novas.

Os princípios da boa nutrição para crianças são igualmente aplicados aos bebês que gerenciam sua própria introdução de sólidos. Portanto, fast-foods e comidas com açúcar ou sal adicionados devem ser evitadas. Fora isso, assim que um bebê tiver mais de seis meses de idade, não é necessário (a não ser que haja histórico familiar de alergias ou qualquer suspeita de desordem digestiva) restringir o cardápio oferecido. Frutas e vegetais são os ideais, sendo que os mais duros podem ser levemente cozidos, para que fiquem macios o suficiente para serem mastigados. No começo, é melhor oferecer a carne em pedaços grandes, para que possa ser explorada e chupada. Assim que o bebê começar a lidar bem com porções de comida, a carne picada funcionará bem. (Nota: Bebês não precisam de dentes para morder e mastigar – as gengivas fazem o papel!).
Não há necessidade de cortar a comida para o tamanho da boca do bebê. Na verdade, isso fará mais difícil a experiência de lidar com a comida. Um bom guia é cortar tudo em tamanhos e formas semelhantes ao punho do bebê, com mais um detalhe importante: bebês pequenos não conseguem muito bem abrir seus punhos com o propósito de soltar coisas. Isso significa que eles lidam melhor com comidas cortadas em palitos ou que tenham uma haste ou ‘pegador’ (como o caule de um pedaço de brócolis). Assim eles poderão mastigar os pedaços que estão saindo de seu punho e soltar o resto depois – normalmente quando se interessarem por outro pedaço. Assim que suas habilidades forem aumentando, menos comida será desperdiçada.
5. E as bebidas?
A quantidade de gordura do leite materno aumenta progressivamente durante a mamada. Um bebê amamentado ao seio reconhece essa mudança e usa isso para controlar quanto líquido quer beber. Se ele estiver com sede, ele irá mamar por pouco tempo, às vezes nos dois seios, enquanto se ele estiver com fome, irá mamar por um período maior. Esse é o motivo pelo qual os bebês, quando amamentados em livre demanda, não precisam de nenhuma outra bebida, mesmo em dias quentes.

Este princípio deve funcionar também durante o período de transição para a comida da família se o bebê continuar podendo mamar em livre demanda. Um copo de água pode ser oferecido nas refeições, como parte da oportunidade de exploração, mas não há necessidade de ficar preocupada se ele não quiser beber nada.
Bebês alimentados por fórmula infantil precisam de uma abordagem um pouco diferente, já que a fórmula tem sempre a mesma consistência durante o período de alimentação, independente da relação de fome-sede do bebê. Oferecer água em intervalos regulares, assim que o bebê começar a se alimentar de sólidos, garantirá que o bebê irá ingerir a quantidade necessária de líquidos.
Continuar a amamentação em livre demanda durante o período de desmame, tem a vantagem de permitir que o bebê decida como e quando ele começará a cortar seu consumo de leite. Conforme ele comer mais, ele começará a ‘esquecer’ de pedir por algumas de suas mamadas, ou tomará menos leite a cada mamada. Não há necessidade da mãe tomar essa decisão por ele.
CERTOS E ERRADOS PARA O BLW:
1. CERTO – Oferecer ao seu bebê a chance de participar dos momentos de alimentação da família. Você pode fazer isso próximo aos seis meses de idade, quando ele começar a demonstrar interesse em ver você comer e passar a levar comida à sua própria boca.
2. CERTO – Garantir que seu bebê está apoiado em uma posição vertical, sentado, enquanto explora a comida. No começo você pode sentá-lo em seu colo, olhando para a mesa. Assim que ele tiver aptidão para pegar a comida, ele provavelmente já estará sentando sozinho, ou com um mínimo de suporte, em um cadeirão de alimentação.
3. CERTO – Começar oferecendo comidas cortadas no tamanho do punho do bebê, preferencialmente cortados em palitos ou contendo hastes. Assim que possível e desde que apropriado, oferecer a ele a mesma comida que você está comendo, para que ele se sinta parte de tudo o que está acontecendo.
4. CERTO – Oferecer uma grande variedade de alimentos. Não há porque limitar a experiência do bebê com comidas além do que você faria com os brinquedos.
5. ERRADO – Apressar o seu bebê. Permita que ele faça as coisas ao seu tempo. E principalmente, resista à tentação de ‘ajudá-lo’, colocando coisas em sua boca.
6. ERRADO – Esperar que seu bebê coma todos os alimentos oferecidos, desde o começo. Assim que ele tiver descoberto que estes novos brinquedos têm um gosto bom, ele irá começar a mastigá-los e, mais pra frente, engolí-los.
7. ERRADO – Esperar que um bebê pequeno coma todos os pedacinhos de comida logo na primeira vez – lembre-se de que ele ainda não desenvolveu a habilidade de pegar a comida que está dentro de seu punho.
8. CERTO – Tentar oferecer novamente alimentos que foram recusados anteriormente – bebês costumam mudar de opinião e passam a aceitar alimentos negados anteriormente.
9. ERRADO – Deixar seu bebê sozinho com a comida.
10. ERRADO – Oferecer alimentos que oferecem perigo óbvio – como amendoins.
11.ERRADO – Oferecer fast-food, comidas industrializadas ou alimentos que contém sal e/ou açúcar adicionados.
12. CERTO – Oferecer água em copo, mas não se preocupar caso seu bebê não demonstre interesse em tomá-la. Principalmente os bebês amamentados no peito tendem a continuar ingerindo todo o líquido necessário nas mamadas.
13. CERTO – Estar preparada para a bagunça! Um plástico limpo no chão, em baixo do cadeirão poderá proteger seu carpete e facilitar muito a limpeza. Isso vai lhe permitir, inclusive, a devolver ao seu bebê os alimentos que ele deixar cair, evitando um pouco o desperdício. (Você vai se surpreender em quão rápido seu bebê aprende a comer fazendo pouquíssima sujeira)
14. CERTO – Continuar permitindo ao seu bebê que mame em livre demanda, quando e por quanto tempo quiser. Espere que seu apetite por leite se altere a medida que ele passe a ingerir mais alimentos sólidos.
15. Se você tem um histórico familiar de intolerância a alimentos, alergias ou problemas digestivos, é CERTO discutir este método de desmame com seus médicos antes de adotá-lo.
16. Finalmente, é CERTO aproveitar enquanto assiste seu bebê a aprender sobre a comida – e desenvolver suas habilidades com as mãos e boca no processo!

Espero que tenham gostado e que eu possa ter ajudado alguma mamãe por aqui.
No próximo texto vou começar a falar da nossa experiência com este método, desde o primeiro dia de BLW!

Um xêru grande e até a próxima!❤
Fiquem com Deus

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