Depois de ter vocês

Depois de ter vocês

terça-feira, 22 de novembro de 2016

BLW: Como começar? Minha experiência com o método do 6° ao 12° mês do Vitor

Seu bebê fez 6 meses, consegue se sentar e levar objetos à boca? Muito bom! Tecnicamente, ele está pronto para iniciar a introdução alimentar pelo Baby-led Weaning.
Você quer iniciar o BLW, mas tem dúvidas sobre o que oferecer; quanto oferecer; como oferecer; quantas vezes ao dia; se começa com frutas ou legumes; se o bebê vai engasgar; se a família vai te achar uma louca?... ♬são tantas perguntas♬

Eu tive essas mesmas dúvidas quando fomos iniciar a IA do Vitor. Li sobre o BLW, estudei o assunto a fundo, estava segura que queria esse tipo de abordagem e passei essa segurança para o meu marido (Rodrigo). Sem dúvidas, quando se tem apoio dentro de casa, tudo se torna mais leve porque o método é muito simples, porém, como as pessoas já estão acostumadas com o método de IA tradicional vão querer te desencorajar. Desta forma, munida de informação e segura a respeito do método, você conseguirá que pelo menos a sua família respeite sua decisão. Conversando com ele decidimos procurar um profissional especializado. Procuramos uma nutricionista materno infantil que entendesse sobre o assunto. Liguei para vários nutricionistas que atendiam pelo plano de saúde e eu fazia as seguintes perguntas: Ela atende bebês de 6 meses? Ela trabalha com o método BLW? Pasmem, não consegui nenhum. Acabei marcando uma consulta particular e foi um investimento maravilhoso, nunca vou me arrepender. Encontramos  a @rejane_nutri que nos orientou em relação a todas as dúvidas descritas no início do texto. Sabe aquela mãe que leva uma lista de perguntas para o consultório e ainda fica pentelhando o médico tirando dúvidas pelo whatsapp? #soudessas 😅 Acabamos criando um forte vínculo e ela acompanha o Vitor até hoje.
Deixa eu abrir um parêntese aqui. Quando fomos com o Vitor, para a consulta dos 6 meses, à pediatra, falei que ainda não me sentia pronta para iniciar a IA dele, tentei me abrir com ela, mas ela me disse que isso (que eu estava sentindo) era besteira e foi fazendo lá o cardápio dele, naquele modelo de frutinha raspadinha, suquinho... e tinha até um negócio lá para que se eu quisesse adoçar os suquinhos. Claro que eu só fiz balançar a cabeça, falei humrhum pra tudo e fui embora, até porque eu já sabia que quando eu fosse iniciar a IA seria pelo BLW e a consulta com a nutricionista já estava marcada. Coloquei na minha cabeça que, em resumo, Pediatras (generalizando) são para doenças e alimentação se trata com nutricionista. Fui mais feliz pensando assim. É uma espécie de defesa para não me decepcionar tanto.
Portanto, o primeiro conselho que eu dou para os pais que querem iniciar essa jornada é pesquisar e estudar muito sobre o assunto. O segundo conselho é procurar um profissional da área,  contudo, se vocês não têm condições para consultar nutricionista, não é o fim do mundo. Existem vários cursos online e vários blogs que abordam esse assunto e vão te ajudar com isso. O terceiro conselho: estejam preparados para a bagunça e sujeira, muita sujeira, elevem a mente e relevem. Tudo vai melhorando com o tempo, de verdade.

Prontos? Apertem os cintos!
Aqui eu vou falar da MINHA experiência com o Vitor, como eu fiz com ele de acordo com as diretrizes do BLW e as orientações da nutricionista.

Primeiramente, repense a alimentação da sua família. O BLW significa incluir o bebê nas refeições familiares, ou seja, é importante dar um bom exemplo para a criança e também permitir que ela coma a mesma comida que o restante da família está consumindo na refeição.
Entenda o GAG REFLEX. O gag dura no máximo 5 segundos, às vezes dura até menos tempo. Não é engasgo, gente! É gag, uma defesa do bebê. Busque bastante vídeos de “gag reflex” e se prepare, porque uma hora ele vai acontecer com seu filho. Tente manter a calma e não pular em cima dele, pois isso pode deixar seu bebê assustado e piorar a situação. Estude a manobra para o caso de engasgo.
Tente não interferi: a vontade de "ajudar" é tão grande que pode atrapalhar.
Uma coisa que deu muito certo aqui em casa foi criar uma rotina de horários para alimentação. A mesa sempre estava posta no mesmo horário e acabou que todos começaram a sentir fome sempre nos mesmos horários. Hoje em dia, quando está na hora de comer, o Vitor fica apontando para a cadeira dele.
Controle suas expectativas: cada criança tem um ritmo e você poderá achar que está demorando muito. Seja persistente e os resultados virão.

O que precisa ter para iniciar?
- Cadeira de alimentação;
- Babador;
- Um pano limpo em baixo da cadeira para aparar a comida que cair e devolver para a bandeja, evitando desperdícios  (pode ser um lençol, uma toalha de mesa, uma toalha de banho, um plástico grande...);
- O bebê bem apoiado na cadeira para que sua cabecinha fique firme;
- Paciência, muita paciência! Esse é o ponto mais importante.

PRIMEIRA SEMANA - 1 refeição ao dia
O Vitor começou a IA com 6 meses e 5 dias e preferimos iniciar com as FRUTAS.

Cortamos os alimentos em tiras longas, pois o bebê ainda não tem o movimento de pinça e agarra tudo com o movimento de punho fechado;

Repetimos a mesma fruta por dois dias seguidos para observar alguma reação relevante à IA;

O alimento era oferecido uma vez ao dia, na hora do almoço, comíamos juntos com ele para incentivar, interagir e facilitar a aprendizagem por imitação;

Nada de vídeos de musiquinhas nem TV ligada para não distraí-lo. Atenção total à comida;

Oferecemos pequenas quantidades, uma ou duas, no máximo três tirinhas de frutas. Ele ainda estava conhecendo os alimentos;

Oferecemos água num copinho de transição, 10 minutos após a refeição. Normalmente após o banho (sim, ele tomava banho depois que comia porque ficava todo sujo. Essa história de fazer mal é lenda.)

Sobre as frutas da primeira semana:
Algumas frutas você poderá oferecer com casca porque vai facilitar a pega e como eles ainda não têm dentes não conseguirão "roer" a casca e correr o risco de se engasgar.

Mamão - erramos feio no primeiro dia. Demos um mamão muito maduro que ele esmagava todo quando pegava e ainda por cima enchemos a bandeja da fruta. O bichinho não sabia por onde começar. Kkkkkk
O segundo dia foi bem melhor porque o mamão não estava tão maduro e acertamos a quantidade. 



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DIA 1
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DIA 2
Banana - parece ser uma fruta simples, mas apesar do seu formato ela é difícil de ser pega por um bebê de 6 meses, porque  escorrega muito. Tentamos deixar metade da casca para facilitar a pega mas ele quis comer a casca. Colocamos uma fralda de pano na bandeja do cadeirão para escorregar menos, fizemos testes, cortamos a fruta no sentido longitudinal e deu certo. No primeiro dia de apresentação da fruta ele já teve um gag reflex, nosso primeiro gag.
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DIA 3 e DIA 4

Manga - a melhor de todas. A casca facilitou demais a pega e o suco que a fruta possui fez com que ele comece tudo rapidinho.
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DIA 5

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DIA 6
Abacate - no primeiro dia cortamos de uma forma que escorregou muito, mesmo com a casca, mas no segundo dia acertamos o corte e ele aproveitou.
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DIA 7


Obs: Esqueça pratos e talheres, esses acessórios só serão acrescentados daqui a alguns meses. Esqueçam receitinhas diferentes por enquanto, o bebê precisa conhecer bem os alimentos antes  da gente começar a se achar a mestre cuca, e lembre-se, o segundo dia da mesma fruta sempre é melhor. Continue com a amamentação em livre demanda, o seu bebê necessita disso. Até 1 ano o LM continua sendo o principal alimento, portanto essas comidinhas são só complemento.

SEGUNDA SEMANA - 2 refeições ao dia
Ainda com frutas, uma fruta no ALMOÇO e outra fruta diferente no JANTAR.
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DIA 8 - Almoço - Abacate. Jantar - Melancia 

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DIA 10 - Almoço - Abacate. Jantar - Melancia
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DIA 11 - Almoço - Banana. Jantar - Manga
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DIA 12 - Almoço - Mamão. Jantar - Melancia


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DIA 14 - Almoço - Melão 
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DIA 14 - Jantar - Manga
Obs: sempre que for a primeira vez de uma fruta repita a mesma no outro dia, pelo menos nessas primeiras semanas. Lembre-se de continuar oferecendo água 10 minutos após as refeições e continuar com a amamentação em livre demanda porque o seu bebê necessita disso. Até 1 ano o LM continua sendo o principal alimento, pois essas comidinhas são só complemento, não custa nada relembrar, né?!

TERCEIRA SEMANA - 3 refeições ao dia
Começamos a apresentação dos legumes. O almoço deve conter apenas um legume, um vegetal e uma proteína. Não esqueça, essa fase é apenas de adaptação, visto que ainda a principal refeição da criança é o leite.

Café da manhã : Fruta.
Almoço: legumes + laranja de sobremesa.
Jantar: Fruta.
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DIA 15 - Café da manhã - Melão 

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DIA 15 - Almoço - Brócolis + Frango

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DIA 15- Jantar - Laranja




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DIA 16 - Jantar - Abacate

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DIA 17 - Almoço- Chuchu + Frango

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DIA 18 - Café da manhã - Ameixa

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DIA 18 - Almoço - Cenoura + Frango. Jantar - Melão

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DIA 19 - Café da manhã - Pêra. Almoço - Jerimum + Frango. Jantar- Banana

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DIA 20 - Café da manhã - Kiwi

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DIA 20 - almoço - Brócolis + frango

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DIA 21 - Jantar - Abacaxi
Obs:  É interessante que após o almoço seja oferecido uma laranja ou tangerina, por serem fontes de vitamina C, facilitando a absorção do ferro. A carne quando for oferecida deve estar macia, do tamanho em que o bebê consiga segurar e ainda sobre uma parte para ser levada a boca. Você pode oferecer a carne num tamanho grande e ele irá somente chupar o suco. faça tudo SEM SAL até 1 ano de idade. Continue oferecendo água 10 minutos após as refeições e continue com a amamentação em livre demanda.

QUARTA SEMANA - 3 refeições ao dia

Café da manhã : fruta
Almoço : legume + vegetal + proteina + laranja de sobremesa
Jantar : legume + vegetal + proteina + laranja de sobremesa

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DIA 22 - Jantar - Brócolis + batata inglesa + ovo cozido

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DIA 23 - Almoço - Batata inglesa + Cenoura + Omelete

Obs: Vou falar uma coisa que até agora eu não disse: Continue com a amamentação em livre demanda!.

QUINTA SEMANA - 4 refeições ao dia
Já se passou o primeiro mês e correu tudo tranquilo, apesar da sujeira, né?!
Nesta semana iniciamos com as Leguminosas e cereais (feijão e arroz - eu fazia bolinhos de feijão com arroz e farinha- é  só amassar tudo com a mão e entregar ao bebê )

Café da manhã : Fruta
Almoço : legume + vegetal + proteina + laranja de sobremesa
Lanche: Fruta
Jantar : O mesmo do almoço  (até nos dias de feijão )


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DIA 29 - Almoço - Bolinho de feijão com farinha + Couve flor + Chuchu + Frango

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Dia 30 - Almoço - Jerônimo + maxixe + bolinho de feijão + ovo cozido + macarrão 

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Dia 31 - Almoço - Macaxeira + cenoura + hamburguinho verde de carne
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Dia 31 - Almoço - Macarrão + cenoura


Obs: Esse esquema alimentar foi até o 1 ano de idade. Vale a pena lembrar, continue com a amamentação em livre demanda.

8 MESES:

Começou a se familiarizar com o PRATO. Comprei um prato que grudava na mesa pra ele ir se acostumando. Depois você vira uma viciada em pratinhos e quer ter um de cada cor e modelo 🙈. Comecei a testar RECEITAS para o almoço e para o lanche , quando dava tempo, é claro.
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DIA 71 - Arroz de forno + cenoura

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DIA 81 - Macarronada com Molho de Tomate caseiro

Obs: o LM continua sendo o principal alimento até 1 ano de idade . 

9 MESES:

Apresentei os TALHERES.
No primeiro dia até que gostou, mas depois perdeu o interesse. Até hoje (15 meses) prefere as mãos, mas come agarrado no garfo e na colher. Sempre flagro ele tentando colocar a comida no garfo. Tenho paciência e certeza que ele não vai comer o almoço com as mãos quando adulto.7

DIA 113 - Cenoura + Abobrinha + Ovo cozido 


Obs: eu já falei que o LM é o principal alimento do bebê até 1 ano de idade? Livre demanda sempre.

1 ANO - 4 refeições ao dia

Agora, ao almoço e ao jantar, oferecemos dois vegetais crus, sendo 1 folha e um legume. Estamos tentando esse menu, porque o Vitor tem uma certa resistência à ele. Paciência.

Voltamos a colocar sal na nossa comida. Só um pouco, porque o nosso paladar acostumou e sabemos que quanto menos, melhor para todos.
A partir desse momento, ele começou a selecionar alguns alimentos, porque já estava com o paladar bastante apurado. Já sabe quais alimentos são os preferidos, os que come por comer, os que não quer de jeito nenhum naquele instante ou naquela semana, e quais as receitinhas preferidas também.
Hoje, ele está com 15 meses e continua sempre disposto a experimentar o que oferecemos!

Obs: crie um cardápio semanal simples onde você possa se orientar em relação ao que dar ao bebê e não ficar repetindo os mesmos alimentos um dia atrás do outro. Fica bem fácil se você escreve tudo numa folha e cola na parede da cozinha.
continue com a amamentação prolongada. Até os 2 anos de idade os bebês que mamam não necessitam de outros leites para complementar sua dieta nutricional.

É isso. Espero que eu tenha ajudado!
Qualquer dúvida é só perguntar e você pode acompanhar nossa rotina no Instagram também @depoisdetervoces
Em breve trarei mais dicas sobre a alimentação dos pequenos! 

Um xêru grande e até a próxima! ❤
Fiquem com Deus 

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Diretrizes para o BLW: A Introdução Alimentar Conduzida Pelo Próprio Bebê


O bebê fez 6 meses e agora iniciamos uma nova fase, a fase de introduzir os alimentos sólidos, já que, até agora, o alimento do bebê era leite materno ou fórmula. Essa é uma fase bastante esperada por algumas mães que, ansiosas, já haviam comprado, há meses, cadeirão, pratinho, talheres, babador... Para outras, como eu, é uma fase que poderia ser adiada por mais alguns meses, pelo simples fato da própria mãe não se sentir preparada ou pelo sentimento de impotência, visto que seu filh@, agora, não depende apenas do seu leite, ou até mesmo pela praticidade que o peito dava no dia a dia, e agora ela terá que ir para a cozinha fazer comidinhas para seu bebê. Acho que eu era um misto de todos esses sentimentos, como muitas mães que conheço e tive a oportunidade de conversar.
A partir daí surgem inúmeras dúvidas porque você gostaria de fazer a IA do seu filh@ de uma forma mais participativa, e você se depara com o termo BLW.

Mas o que essas letras querem nos dizer? 

A sigla BLW significa “Baby-led Weaning”, termo proposto por Gill Rapley em 2008, na Inglaterra, com a publicação de seu primeiro livro “Baby Led Weaning: helping your baby to love good food”. O termo é traduzido como Desmame Conduzido pelo Bebê, o que não quer dizer que ela proponha o desmame, muito pelo contrário, na verdade é uma introdução natural dos alimentos sólidos feita gradualmente, nesse caso o desmame deverá ocorrer naturalmente de acordo com o tempo de cada bebê, já que a escolha de passar a comer mais e mamar menos é feita exclusivamente por ele.
O método propõe que os bebês se alimentem SOZINHOS – os pais, ou cuidadores, não alimentam os bebês com colher e nem oferecem papinhas. O bebê participa da alimentação junto com a família, sentado à mesa com todos e alimentando-se independentemente, com as próprias mãos, até adquirir habilidades com os talheres.

Existe um pdf AQUI escrito pela Gill Rapley que resume muito bem este método e a tradução desse documento eu peguei no Blog da Jana Bevilacqua.

"Diretrizes para o BLW: introdução de sólidos guiada pelo bebê

Introdução
Aderir ao método BLW de introdução de sólidos, requer um entendimento do porque este método pode ser considerado lógico e seguro. A primeira seção abaixo explica os fundamentos e princípios que servem de base para este método e a última seção, “Certo e Errado”, provê uma lista de pontos-chave, que devem ser usados como referência. Seguir estas diretrizes melhorará as chances de, tanto o bebê como seus pais, aproveitarem a transição para alimentos sólidos, além de ajudar a garantir o bem-estar do bebê.
A maioria dos bebês estão prontos para começar a experimentação de alimentos sólidos por volta dos seis meses de idade. Pais de bebês prematuros (que nasceram antes de 37 semanas de gravidez), ou que possuam condições especiais de saúde que possam afetar suas habilidades de lidar ou digerir alimentos com segurança, são aconselhados a discutir com seus pediatras no momento de iniciar a introdução de alimentos sólidos, antes de decidir usar o BLW como método.
Fundamentos do método BLW de introdução alimentar guiada pelo bebê
1. Amamentação como base para a auto-alimentação
A amamentação exclusiva é recomendada durante os primeiros seis meses do bebê. O aleitamento materno em livre demanda é a preparação ideal para a auto-alimentação com alimentos sólidos. Bebê amamentados possuem seu próprio ritmo de alimentação e, na verdade, é impossível forçá-los a fazer diferente! Eles também controlam sua própria alimentação e ingestão de líquidos, uma vez que decidem sozinhos quanto tempo deve durar cada mamada. E como o leite materno muda de sabor de acordo com a alimentação da mãe, o aleitamento prepara o bebê para diferentes gostos.
Bebês normais, saudáveis e amamentados parecem ser capazes, desde que apoiados pelos pais, de gerir sua própria introdução aos alimentos sólidos. No entanto, embora o aleitamento materno tenha as características de auto-alimentação que alicerçam a teoria do desmame guiado pelo bebê (baby-led weaning = BLW), muitos pais de bebês alimentados com mamadeira também conseguiram aplicar este método com sucesso. A única mudança significativa é que nestes casos é importante oferecer outras bebidas além do leite.
2. Entender as motivações do bebê
Esta abordagem de introdução aos sólidos oferece ao bebê a oportunidade de descobrir o que as outras comidas têm a oferecer, como parte do mundo que o cerca. Ela se utiliza do desejo que o bebê tem de experimentar, explorar e imitar. Permitir ao bebê que ele defina o tempo de cada refeição e manter a ênfase na forma lúdica de explorar ao invés da alimentação em si, permite que a transição para os alimentos sólidos siga da forma mais natural possível. Isso porque parece que o que motiva os bebês a fazerem essa transição é a curiosidade e não a fome.
Não há razões para que a hora da refeição coincida com a hora das mamadas. Na verdade, pensar no aleitamento e na introdução de sólidos como duas atividades completamente separadas perimitirá que a abordagem seja mais descontraída e agradável para pais e filhos.

3. Ele não engasga?
Muitos pais ficam preocupados com o engasgamento. No entanto, há muitas razões para acreditar que os bebês têm menos risco de engasgar quando eles estão no controle do que quando são alimentados por colher. Isso porque os bebês não são capazes de intencionalmente empurrar a comida diretamente até suas gargantas enquanto eles não desenvolvem a habilidade de mastigar. E eles não desenvolvem a habilidade de mastigar antes de aprender a alcançar e agarrar coisas. A habilidade de pegar coisas muito pequenas se desenvolve mais tarde ainda. Ou seja, bebês pequenos não podem se colocar em risco facilmente, já que eles ainda não conseguem pegar pedaços pequenos de comida. A alimentação com colher, ao contrário, encoraja que o bebê sugue o alimento diretamente para o fundo da boca, aumentando potencialmente o risco de engasgar.

O desenvolvimento geral de um bebê parece estar ligado com sua habilidade de gerenciar a comida em sua boca e de digerí-la. Um bebê que resiste muito a colocar comida em sua boca, provavelmente ainda não está completamente pronto para consumí-la. Por isso é importante resistir à tentação de “ajudar” o bebê nessas circunstãncias, já que seu próprio desenvolvimento e habilidades assegurarão que a transição aos sólidos seja feita no momento certo para ele, diminuindo muito, inclusive, o risco de engasgamento.
Inclinar ou deitar um bebê para alimentá-lo com sólidos é muito perigoso. Um bebê que está lidando com comida deve estar sempre sentado ou apoiado em uma posição vertical. Isso garante que algum alimento que ele não seja capaz ou não queira engolir seja expelido pra fora.
Adotar a abordagem guiada pelo bebê não significa abandonar o senso comum de segurança na hora da alimentação. Embora seja muito improvável que um bebê consiga pegar um amendoim, por exemplo, situações e acidentes podem acontecer em raras ocasiões, independente da forma como seja alimentado. As regras normais de segurança na hora de comer e brincar devem ser seguidas quando a introdução aos sólidos é guiada pelo bebê.
4. Garantindo boa nutrição
Bebês que se alimentam sozinhos parecem aceitar uma grande variedade de alimentos. Isso acontece, provavelmente, porque eles podem aproveitar muito mais do que apenas o sabor dos alimentos – eles experimentam as texturas, cores, tamanhos e formatos. Para completar, oferecer alimentos separadamente ou de um jeito que eles possam separá-los, permite que eles aprendam sobre os diferentes sabores e texturas. E permitir que eles deixem de comer qualquer coisa que eles pareçam não gostar irá prepará-los e encorajá-los a experimentar coisas novas.

Os princípios da boa nutrição para crianças são igualmente aplicados aos bebês que gerenciam sua própria introdução de sólidos. Portanto, fast-foods e comidas com açúcar ou sal adicionados devem ser evitadas. Fora isso, assim que um bebê tiver mais de seis meses de idade, não é necessário (a não ser que haja histórico familiar de alergias ou qualquer suspeita de desordem digestiva) restringir o cardápio oferecido. Frutas e vegetais são os ideais, sendo que os mais duros podem ser levemente cozidos, para que fiquem macios o suficiente para serem mastigados. No começo, é melhor oferecer a carne em pedaços grandes, para que possa ser explorada e chupada. Assim que o bebê começar a lidar bem com porções de comida, a carne picada funcionará bem. (Nota: Bebês não precisam de dentes para morder e mastigar – as gengivas fazem o papel!).
Não há necessidade de cortar a comida para o tamanho da boca do bebê. Na verdade, isso fará mais difícil a experiência de lidar com a comida. Um bom guia é cortar tudo em tamanhos e formas semelhantes ao punho do bebê, com mais um detalhe importante: bebês pequenos não conseguem muito bem abrir seus punhos com o propósito de soltar coisas. Isso significa que eles lidam melhor com comidas cortadas em palitos ou que tenham uma haste ou ‘pegador’ (como o caule de um pedaço de brócolis). Assim eles poderão mastigar os pedaços que estão saindo de seu punho e soltar o resto depois – normalmente quando se interessarem por outro pedaço. Assim que suas habilidades forem aumentando, menos comida será desperdiçada.
5. E as bebidas?
A quantidade de gordura do leite materno aumenta progressivamente durante a mamada. Um bebê amamentado ao seio reconhece essa mudança e usa isso para controlar quanto líquido quer beber. Se ele estiver com sede, ele irá mamar por pouco tempo, às vezes nos dois seios, enquanto se ele estiver com fome, irá mamar por um período maior. Esse é o motivo pelo qual os bebês, quando amamentados em livre demanda, não precisam de nenhuma outra bebida, mesmo em dias quentes.

Este princípio deve funcionar também durante o período de transição para a comida da família se o bebê continuar podendo mamar em livre demanda. Um copo de água pode ser oferecido nas refeições, como parte da oportunidade de exploração, mas não há necessidade de ficar preocupada se ele não quiser beber nada.
Bebês alimentados por fórmula infantil precisam de uma abordagem um pouco diferente, já que a fórmula tem sempre a mesma consistência durante o período de alimentação, independente da relação de fome-sede do bebê. Oferecer água em intervalos regulares, assim que o bebê começar a se alimentar de sólidos, garantirá que o bebê irá ingerir a quantidade necessária de líquidos.
Continuar a amamentação em livre demanda durante o período de desmame, tem a vantagem de permitir que o bebê decida como e quando ele começará a cortar seu consumo de leite. Conforme ele comer mais, ele começará a ‘esquecer’ de pedir por algumas de suas mamadas, ou tomará menos leite a cada mamada. Não há necessidade da mãe tomar essa decisão por ele.
CERTOS E ERRADOS PARA O BLW:
1. CERTO – Oferecer ao seu bebê a chance de participar dos momentos de alimentação da família. Você pode fazer isso próximo aos seis meses de idade, quando ele começar a demonstrar interesse em ver você comer e passar a levar comida à sua própria boca.
2. CERTO – Garantir que seu bebê está apoiado em uma posição vertical, sentado, enquanto explora a comida. No começo você pode sentá-lo em seu colo, olhando para a mesa. Assim que ele tiver aptidão para pegar a comida, ele provavelmente já estará sentando sozinho, ou com um mínimo de suporte, em um cadeirão de alimentação.
3. CERTO – Começar oferecendo comidas cortadas no tamanho do punho do bebê, preferencialmente cortados em palitos ou contendo hastes. Assim que possível e desde que apropriado, oferecer a ele a mesma comida que você está comendo, para que ele se sinta parte de tudo o que está acontecendo.
4. CERTO – Oferecer uma grande variedade de alimentos. Não há porque limitar a experiência do bebê com comidas além do que você faria com os brinquedos.
5. ERRADO – Apressar o seu bebê. Permita que ele faça as coisas ao seu tempo. E principalmente, resista à tentação de ‘ajudá-lo’, colocando coisas em sua boca.
6. ERRADO – Esperar que seu bebê coma todos os alimentos oferecidos, desde o começo. Assim que ele tiver descoberto que estes novos brinquedos têm um gosto bom, ele irá começar a mastigá-los e, mais pra frente, engolí-los.
7. ERRADO – Esperar que um bebê pequeno coma todos os pedacinhos de comida logo na primeira vez – lembre-se de que ele ainda não desenvolveu a habilidade de pegar a comida que está dentro de seu punho.
8. CERTO – Tentar oferecer novamente alimentos que foram recusados anteriormente – bebês costumam mudar de opinião e passam a aceitar alimentos negados anteriormente.
9. ERRADO – Deixar seu bebê sozinho com a comida.
10. ERRADO – Oferecer alimentos que oferecem perigo óbvio – como amendoins.
11.ERRADO – Oferecer fast-food, comidas industrializadas ou alimentos que contém sal e/ou açúcar adicionados.
12. CERTO – Oferecer água em copo, mas não se preocupar caso seu bebê não demonstre interesse em tomá-la. Principalmente os bebês amamentados no peito tendem a continuar ingerindo todo o líquido necessário nas mamadas.
13. CERTO – Estar preparada para a bagunça! Um plástico limpo no chão, em baixo do cadeirão poderá proteger seu carpete e facilitar muito a limpeza. Isso vai lhe permitir, inclusive, a devolver ao seu bebê os alimentos que ele deixar cair, evitando um pouco o desperdício. (Você vai se surpreender em quão rápido seu bebê aprende a comer fazendo pouquíssima sujeira)
14. CERTO – Continuar permitindo ao seu bebê que mame em livre demanda, quando e por quanto tempo quiser. Espere que seu apetite por leite se altere a medida que ele passe a ingerir mais alimentos sólidos.
15. Se você tem um histórico familiar de intolerância a alimentos, alergias ou problemas digestivos, é CERTO discutir este método de desmame com seus médicos antes de adotá-lo.
16. Finalmente, é CERTO aproveitar enquanto assiste seu bebê a aprender sobre a comida – e desenvolver suas habilidades com as mãos e boca no processo!

Espero que tenham gostado e que eu possa ter ajudado alguma mamãe por aqui.
No próximo texto vou começar a falar da nossa experiência com este método, desde o primeiro dia de BLW!

Um xêru grande e até a próxima!❤
Fiquem com Deus

sábado, 12 de novembro de 2016

Minha primeira experiência como DOULA. UMA VISÃO PESSOAL E ÍNTIMA SOBRE AQUELE PLANTÃO

24/08/2016
Cheguei no ISEA, um hospital público de Campina Grande, muito ansiosa para por em prática o que eu havia aprendido no final de semana e com medo, porque até então eu só conhecia a teoria e eu sabia que ainda precisava e preciso estudar muito, sem contar que eu ainda não sabia se eu iria me identificar com esse trabalho.
Fran, a Doula experiente que iria nos acompanhar, me passou muita segurança e me deixou muito a vontade com seu jeito carinhoso de nos tratar.  Logo percebi que a melhor forma de aprender na prática seria me doando 100% e foi isso que fiz. Me despi de qualquer medo e preconceito que pudessem me rondar e mergulhei de corpo e alma nessa vivência.
Vi pessoas carentes de informação, de cuidados e de atenção. Vi uma equipe atenciosa, amorosa, humana, comprometida com a mudança de uma realidade dura e vi também o outro lado, violência física e psicológica.
Dois partos normais, naturais, cheios de respeito. Um deles eu só vi o momento do nascimento, e que nascimento! Vi nascer uma linda criança e uma mãe adolescente que surpreendeu a todos pela forma de parir e surpreendeu a si mesma quando viu que não seria mais uma vítima do sistema. O outro acompanhei bem de perto desde a hora que cheguei. Pude ver a evolução de todo TP e a evolução da ligação que aconteceu entre mim e aquela mulher que, no início não olhava ninguém nos olhos nem respondia com clareza às perguntas dirigidas a ela. Não demorou muito para eu estar abraçada com uma pessoa que eu nunca vi na vida e em meio às dores surgia um vínculo de confiança, carinho e respeito. A cada contração as minhas mãos, braços e abraços eram solicitados, e dessa forma eu ia nascendo para o propósito que ali eu tinha me disposto. Entre choros de emoção e alegria nascia mais uma criança, uma mãe de primeira viagem e eu, uma Doula transbordando de amor por aquele novo trabalho.
Presenciei também dois momentos de luto, e participar disso foi muito difícil porém, necessário. O que falar para uma mulher que sentiu o milagre da vida em seu ventre por dois meses e que repentinamente estava deitada numa cama para fazer um procedimento e vê o seu filho sendo retirado de dentro dela já sem vida e sendo jogado no lixo como um objeto qualquer por um profissional que nem a olhou nos olhos? Ali eu aprendi que a presença pode valer mais que qualquer palavra. Depois ficaram as quatro Doulas na sala onde estavam aquelas duas mães de luto e nossa missão era levar um pouco de conforto àquelas mulheres. Daqui a pouco estavam todas sorrindo e contando piadas. Aprendi a respeitar o choro e o sorriso triste também.
Por fim, ao me despedir das mulheres que passamos o dia doulando e das que só nos observaram, percebi nos olhos, nos abraços e na fala de cada uma o sentimento de gratidão que me transbordou a alma. Saí dali com uma sensação de dever cumprido e muito feliz por ter feito a diferença na vida daquelas mulheres. Definitivamente, esse é um trabalho que requer muito amor, e eu estou disposta amar.
Obrigada Pamela Siqueira, Rayanne Carvalho e Giseli Bezerra por fazerem parte dessa experiência comigo e me darem a oportunidade de aprender um pouco mais com vocês.  
Obrigada IPESQ, obrigada ISEA, obrigada mentoras Melania Amorim, Fabiana Melo,  Lorena Macêdo, Luanda Pereira, Clara Rodrigues e Franciane Hanel que compartilharam conosco conhecimentos cheios de amor, e a Dra Cláudia Bianka Manhães e Dr Luciano Martins por nos mostrar, na prática, como é receber um bebê e uma nova mãe com respeito.
Gratidão!

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Relato de Parto, Nascimento do Vitor

Hoje, dia 15/08/16 conclui o meu Relato de Parto.
Se você não tem 5 minutos disponíveis para ler nem comece porque o bicho está enorme! kkkkkkkkkkkk

1 ano depois do nascimento de Vitor eu consegui parir o meu relato de parto. Não sou muito de escrever, prefiro falar porque faço introduções gigantescas, como a que estou fazendo agora, daí gasto umas mil páginas, e falando se resolveria em alguns minutos. Mas senti a necessidade de compartilhar essa experiência de desconstrução de algumas crenças e construção de um novo eu.
Quem me conhece há muito tempo sabe que eu não sou/era o tipo de mulher que sonhava em me casar e ter filhos. Cresci numa casa onde se perdia muito tempo com brigas e discursões, onde eu não conseguia entender o real sentido da palavra família e o que aprendi foi que toda aquela violência não valia a pena e eu não queria uma relação daquele tipo pra minha vida, portanto, casamento, pra mim, nunca foi opção, e ter filho então, nem pensar. Quando as amigas começavam a falar de partos perto de mim, dava- me logo uma vontade de fazer xixi, não me pergunte o porquê disso, pois nem eu sabia que doidice era essa minha! Kkkkkkk
Mas Deus, em sua infinita sabedoria, permitiu que eu nascesse e me criasse naquele lugar para mostrar que há esperança de renovo para um lar ferido, para mostrar que você até pode endurecer o coração, mas Ele é capaz de moldá-lo da melhor forma jamais descrita. Sim, os Seus planos são incríveis. Depois que conheci Rodrigo em 2007 descobri que eu não poderia ser feliz sozinha, como eu planejava quando criança. Namoramos por 2 anos, ficamos noivos durante 2 anos e casamos, tudo tradicionalmente planejado e executado. Já pensou?!
Após 3 anos de casados foi despertado em nós o desejo de sermos pais e planejar algo desse tipo me assustava bastante, porque eu nunca levei muito jeito com crianças, sem contar que eu era a moça que nem casar queria e o instinto maternal aqui passava longe! Fomos ao médico, contamos os nossos planos, nos preparamos e decidimos então expandir o amor que sentíamos um pelo outro, ou seja, "liberamos a produção".
No dia 30 de dezembro de 2014 recebemos a notícia que estávamos grávidos. Não consigo me lembrar de ter sentido outra coisa além de medo ao ler o nome positivo naquele exame (como eu me tremia e como eu chorava, e Rodrigo estava catatônico com cara de quem não estava entendendo nada do que estava acontecendo). 5 minutos depois de ler o resultado eu já estava amando o fato de gerar uma criança, ser mãe, mas continuava morrendo de medo só em pensar que agora eu iria criar essa criança.  A expressão "borboletas na barriga " nunca fez tanto sentido para mim durante aquele réveillon.
Parei meus exercícios no início da gestação por conta da progesterona baixa, mas após o primeiro trimestre iniciei no pilates e voltei para dança do ventre que eu já praticava há 10 anos.
Participei de grupos de mães, me envolvi em rodas de gestantes e encontrei uma Doula maravilhosa. Tive uma gestação super saudável e tranquila, curti todos os momentos porque eu sabia que seriam únicos.
Cheguei na sexta feira pela manhã no consultório da minha GO para uma consulta de rotina mas ela, com toda sua sensibilidade, notou algo de diferente em mim, eu estava muito tensa e angustiada com tanta insegurança sobre o pós parto. Ela então decidiu não me examinar e batemos um longo papo, e entre conversas e choros consegui me desconectar das preocupações da maternagem e saí do consultório super leve e decidida a curtir intensamente aquele dia. Almocei com Rodrigo, ele me deixou num Shopping perto do local onde eu fazia pilates e foi trabalhar. Dei uma volta, olhei umas lojas, fui a pé para o pilates e lá me exercitei com toda a energia que eu tinha. Peguei um táxi e fui fazer depilação, escovei os cabelos e fiz as unhas. Depois disso Rodrigo me pegou no salão de beleza e fomos para uma doceira porque eu queria muito comer um grand gateau. Comemos e fomos passear no Shopping, andei até me cansar de um jeito que eu tive que me sentar por 10 minutos para restaurar as forças e ir até o carro para irmos para casa, já ia dar 22h. Chegamos em casa, tomei aquele banho quente e recebi aquela merecida massagem nos pés. Tive uma noite ótima, dormi muito bem.
15 de agosto de 2015, sábado, o dia começou me mostrando que nem tudo nesta vida está sob meu controle e as coisas nem sempre saem como imaginamos. Acordei às 8 horas e fui fazer xixi, o xixi mais longo e descontrolado da minha vida, era tanta água que eu me assustei. A bolsa tinha estourado e eu não estava sentindo, absolutamente, nada, apenas um leve frio na barriga chamado ansiedade, uma paz muito grande, bem diferente do dia anterior, e uma felicidade sem tamanho. Dei a notícia para a minha Doula, minha GO e meu esposo. Coloquei a playlist que escolhi para ouvir durante meu TP e fui tomar banho, depois fiz uma maquiagem leve e fui tirar a última foto da sequência mensal da minha barriga (sim, tenho um pequeno vício por fotos).
Quando Rodrigo chegou avisamos a fotógrafa para se preparar, pegamos as malas e fomos até a maternidade onde a minha GO estava para que ela pudesse fazer uma avaliação. Revisamos o Plano de Parto ponto a ponto mas como a bolsa estourou às 8h da manhã ela me disse que se não houvesse evolução até às 14h iria precisar introduzir um remédio para evitar uma possível infecção e sugeriu que eu já desse entrada na maternidade que escolhi para ter o bebê. Fomos, e chegando lá, depois de instalados, ficamos sabendo que eu não iria poder parir no quarto, como havíamos planejado, devido às mudanças nas normas do hospital. Fiquei com um pouco de medo porque eu não queria nenhuma intervenção, e um pouco desapontada porque o dia já havia começado fora do meu controle e quando eu lembrava das palavras da GO percebi que já eram três coisas para servir de lição para mim: primeiro, a bolsa estoura antes de tudo; segundo, a necessidade de um remédio para a evolução do TP e terceiro, eu não iria parir no aconchego do quarto que já estava a nossa cara com as nossas arrumações. Isso estava me deixando um pouco tensa, digo um pouco, porque, apesar desses pensamentos, eu estava curtindo cada minuto e cada detalhe desse dia. Mas a maior lição eu recebi quando eu relaxei nas massagens que a minha Doula estava fazendo, orei mais uma vez e escutei a voz de Deus dizendo: "Não temas, eu estou contigo. Está tudo acontecendo de acordo com a minha vontade." Depois disso fui avaliada com um exame de toque às 17h, que não me incomodou em nada porque eu sentia apenas suaves cólicas, e estava com 5 cm de dilatação. Diante disso não foi necessário fazer uso de nenhum remédio. Graças a Deus!
Às 18h as contratações ficaram bem ritmadas mas ainda estavam bastante suportáveis, e eu ainda estava ligada nas músicas que estavam passando e queria conversar e comer. Senti fome e a minha Doula me deu comida na boca como quem cuida de um parente muito próximo. O seu carinho e cuidado me marcaram para sempre. Jantei tudo que tinha no prato porque a fome era grande e eu precisava de energia para logo mais. Aproveitei o tempo no quarto para me concentrar, dançar, trabalhar a respiração e testar várias posições durante as contratações.
Rodrigo já sabia o momento em que as contratações iriam chegar, e antes que eu pedisse, ele já estava lá de braços estendidos para que eu o abraçasse e o apertasse. Sem dúvidas, ele foi essencial em todo o processo. O seu amor e companheirismo me confortavam em cada centímetro dilatado.
20:00 h, outro exame de toque, dessa vez foi muito desconfortável, muito ruim mesmo. Estava com 9 cm e fomos para a "sala de parto" do hospital, um cubículo do tamanho da minha cozinha, mas, para mim, o lugar estava perfeito, porque era ali que eu iria receber o meu filho.
Com 9 cm foi que eu vi o quanto pode doer uma contração, daquelas que faltam forças nas pernas e que te levam a se questionar se você realmente aguenta aquilo. Sim, eu me perguntei se conseguiria aguentar e respondi a mim mesma: aguennnta! Dancei, cantei um mantra que eu não sabia de onde veio, fiquei em pé, de joelhos, sentada, senti calor e sede. Viajei para a partolândia e só estou escrevendo esses detalhes porque minha GO pediu autorização a Rodrigo para filmar minha dança e meu canto. Se não fossem os vídeos que ela me enviou eu não acreditaria tão facilmente no que iriam me contar.
Dilatação total, eu sentada na banqueta, marido sentado por trás de mim fazendo massagem na minha lombar a cada contração, GO e Pediatra pacientemente sentadas no chão, quarto a meia luz, playlist tocando, eu cantando (as minhas músicas) e chamando Vitor. Fiz força e, para minha surpresa, ele não nasceu na primeira força que fiz, daí eu pensei: caramba, tenho que colocar mais força que isso?
Naquele momento o que mais me impressionou não foram as dores, porque a minha mente já sabia que eram dores com um propósito ótimo, e sim a força física que deveria ser aplicada naquela situação. E me encantou descobrir o quanto nós mulheres somos fortes!
Tomei água, fiz mais força e já dava para tocar na cabeça do meu bebê. Eu estava chamando-o o tempo todo, ele me ouvia e vinha, e poder tocá-lo ainda dentro de mim me deu ainda mais força.
Descansei um pouco ao som de Carinhoso, respirei fundo, fiz um pouco mais de força e ele chegou ao som de Quando Fecho os Olhos, às 22:00 h após 30 minutos de expulsivo, sem intervenções e cheio de respeito, naturalmente. Como diz a música, "eu vi o espaço e o tempo em suspensão, senti no ar a força diferente de um momento eterno desde então..."
Ele chegou chorando baixinho e pouquinho, chegou de olhos bem abertos já me procurando, e no calor do abraço dos braços dos seus pais ele pôde sentir todo o amor que o esperava aqui fora.
Rodrigo não conteve as lágrimas e eu não contive o riso. Eu estava muito feliz, radiante! Conseguimos parir! Eu pari e Rodrigo também, ele sentiu as contrações e fez força junto comigo, no fim estávamos os três exaustos. Vitor ficou quietinho enroscado em nós enquanto eu fazia minha longa oração de agradecimento a Deus. Os profissionais saíram da sala e deixaram aquela nova família recém parida, a sós, aproveitando aquele momento de êxtase. Ficamos os três ali, colados, sentindo o cheiro do céu. Fato é que os nossos corpos estavam unidos como família, a ponto de esquecermos de tudo a nossa volta. O significado desse encontro, tão esperado, eu não consigo dizer, tampouco calcular as implicações desse fato para as nossas vidas. Acredito numa presença plena de almas que se unem. Mais tarde o pai cortou o cordão que ligava o filho à mãe dentro da barriga e saíram daquela sala para viverem ligados pelo amor.
Nasceu Vitor, nasceu a mãe Fabiana, nasceu o pai Rodrigo, nasceu a nossa família.

Fabiana Rodrigues Malheiros












quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Boas vindas!

Estou muito feliz por iniciar esse novo projeto ainda em 2016. Já havia um tempo que as amigas me pediam para criar um blog e já havia um tempão que vinha pensando nesse assunto, mas na verdade estava adiando. Penso que com medo de não dar conta ou talvez  por preguiça mesmo. Haha
Espero que esse canal seja um espaço de diversão e aprendizado. Sim, quero aprender muito com vocês, por favor, ajudem-me!
Vou iniciar com o relato do nascimento do meu filho Vitor. Já postei esse relato no Facebook e acredito que todo mundo já tenha lido, mas eu quero abrir o blog falando desse momento lindo que me trouxe à vida que hoje levo e é responsável por esse projeto aqui também. Vamos nessa!
Sejam todos bem vindos e fiquem a vontade.
Deus abençoe!